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quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Educadores defendem lição de casa nos anos iniciais, desde que tenha sentido no processo de aprendizagem

     Durante sua trajetória de mais de três décadas na educação, Silviane Bueno sempre sentiu falta de uma pauta nas muitas reuniões pedagógicas das quais participou: a lição de casa. “O dever está presente nas escolas públicas e privadas, mas pouco se debate sobre seus objetivos”, avalia a educadora, hoje diretora do Colégio da Lagoa, escola privada de Florianópolis (SC).
     Os encontros entre professores e coordenação pedagógica, segundo ela, acabam por focar mais em aspectos como indisciplina e avaliação. Para Silviane, apesar da tarefa exercer papel muito importante na aprendizagem, ela pode se tornar um problema quando adotada simplesmente por fazer parte de uma tradição na educação, sem ser questionada ou discutida.
     “No Brasil, o debate sobre o dever é escasso até em termos de pesquisas”, analisa a diretora, que tornou a lição de casa objeto de sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2013.
     Fora do país, o contexto é outro. A tarefa extraclasse se tornou objeto de debate nos últimos anos, sendo questionada por alguns educadores e pesquisadores. Em Nova York, nos Estados Unidos, escolas chegaram a aboli-la nos anos iniciais do ensino fundamental.
     No distrito de Marion County, localizado na Flórida, também no país norte-americano, a lição de casa para a chamada elementary school (equivalente ao fundamental 1 no Brasil) será abolida a partir do próximo ano escolar, após decisão da superintendente Heidi Maier. Em vez da tarefa, as escolas do local deverão passar a encorajar crianças a ler por um período de 20 minutos todas as noites, acompanhadas pelos pais.
     Quem defende o fim da lição de casa no início da vida escolar argumenta que a criança deve ter mais tempo para brincar, ler e fazer outras atividades que contribuam para o seu desenvolvimento e aprendizado – e que, nesse período, a tarefa não aumenta significativamente o rendimento acadêmico, além de existirem outras dimensões em questão além dele. No Brasil, contudo, as discussões são menos radicais, e tendem a colocar em dúvida não a existência da lição de casa, mas sua carga e intencionalidade.
     De acordo com um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que avaliou dados do Pisa 2012, o estudante brasileiro de 15 anos passa uma média de 3,3 horas semanais fazendo lição de casa. No topo da lista aparecem Shanghai-China (1º) e Rússia (2º), onde estudantes gastam 13,8h e 9,7h por semana, respectivamente, fazendo as atividades. A média geral dos 39 países que fizeram parte da pesquisa foi de 4,9 horas semanais.
     Nem sempre quantidade significa qualidade, e há exemplos de países que se destacam nos rankings internacionais e que investem muito na lição de casa e de outros que também alcançam bons resultados com modelos diferentes, dando mais tempo para crianças e jovens praticarem outras atividades.
     Singapura, hoje na ponta do Pisa (Programa de Avaliação Internacional de Alunos da OCDE), apareceu em terceiro lugar na lista da OCDE: lá, os jovens investem cerca de 9,4 horas por semana fazendo lição de casa. Já na Finlândia, grande referência em educação, o tempo gasto com tarefas extraclasse é de apenas 2,8 horas semanais. Na Coréia do Sul, que também possui sistema educacional considerado modelo, o valor é próximo: 2,9 horas por semana. Entre os pesquisados, os dois países são os locais em que os jovens menos gastam tempo com a lição de casa.
      Para Ana Cláudia de Andrade, diretora do 2º ao 5º ano do ensino fundamental no Colégio Liceu Jardim, de Santo André (SP), no contexto brasileiro, tanto cargas elevadas de lição de casa quanto sua extinção estão longe de ser soluções. A criança deve ter tempo para exercitar o que aprendeu em aula e desenvolver sua autonomia, mas também para brincar e fazer outras atividades.  “Crianças de 2º e 3º ano não devem gastar mais do que 1h por dia fazendo o dever. Para as de 4º e 5º ano, até 1h30”, recomenda a coordenadora, com base em sua experiência.
      No Colégio Liceu Jardim, as crianças fazem lição de casa todos os dias – inclusive com algumas atividades nas férias. “Quando voltamos às aulas, a primeira coisa é corrigir a tarefa”, conta Ana Cláudia, que destaca a possibilidade de revisar conteúdos e tirar dúvidas nesses momentos.
     Já Letícia Dias, coordenadora pedagógica da Emef Padre José Pegoraro, de São Paulo (SP), defende mais flexibilidade. “Não acredito que deva haver uma obrigatoriedade de passar lição de casa todos os dias. Ela deve ser utilizada como atividade complementar quando o professor achar necessário”, diz. “Hoje, a escola para os anos iniciais tem responsabilidade de iniciar alfabetização aos 5, 6 anos. Mas precisamos ter preocupação também com o brincar, que tem sido deixado de lado.”

Estratégias

     Apesar de a lição de casa ter uma função pedagógica, a verdade é que muitos alunos não costumam encará-la de forma positiva. A diversificação das atividades sugeridas pode ser um caminho para mudar essa perspectiva, instigando a criança e tornando a tarefa mais eficaz na contribuição à aprendizagem. “Um dia o professor pode passar exercício, no outro uma leitura, uma pesquisa”, sugere a diretora Silviane Bueno.
     No Colégio Liceu Jardim, a aposta é na elaboração de materiais direcionados: os professores confeccionam cadernos especiais com atividades de lição de casa para todas as turmas de todos os anos. “Fazemos discussões todos os bimestres. Nesse planejamento, nessa elaboração, o professor tem de ficar de olho se aquilo que ele está dando está de acordo com o que faz em classe. Isso cria uma cultura pedagógica”, explica a diretora Ana Cláudia de Andrade.
     Se nem sempre é possível elaborar um material específico, por razões que vão do tempo disponível a questões socioeconômicas, discutir a intenção de cada tarefa já é um passo para torná-las menos mecânicas e mais significativas. “Muitas vezes, a lição de casa funciona como um instrumento de controle. As escolas precisam problematizar isso, perguntar por que e para quê aquela lição está sendo passada”, defende Silviane Bueno. Entre as funções que a lição pode exercer estão ser um complemento do que foi visto em aula, revisão de conteúdos, exercício da criatividade e o aprendizado inicial de como pesquisar sobre um determinado tema.

Escolas públicas
     Nas escolas públicas, a lição de casa também faz parte da rotina dos alunos. Na capital paulista, a tarefa extraclasse se tornou obrigatória em toda a rede municipal em 2013, após a instituição do programa ‘Mais Educação’.
     “Damos lição quase todos os dias. A exceção é a sexta-feira, que alguns professores preferem deixar livre por entenderem que o fim de semana deve ser para descanso”, conta Ana Cláudia Pinheiro, coordenadora pedagógica do ensino fundamental 1 na Emef Professora Helena Lombardi Braga, de São Paulo.
     Para Letícia Dias, da Emef Padre José Pegoraro, no caso da rede pública, os educadores devem considerar a realidade socioeconômica dos alunos na hora de propor a tarefa de casa. “Temos desde famílias que não possuem escolarização necessária para fazer leitura com os filhos a famílias que possuem rotina que não possibilita acompanhamento da vida escolar”, pontua. Para a educadora, pesquisas feitas na internet – recurso ao qual talvez nem todos os alunos tenham acesso – podem dar lugar, por exemplo, a entrevistas com familiares.

Benefícios
     Quem defende a lição de casa no início da vida escolar argumenta que ela traz benefícios como a fixação de conteúdos, desenvolvimento da autonomia e o cultivo do hábito de estudar. Mas, para a diretora Silviane Bueno, é importante dissociar o conceito de estudo de fazer tarefa, que não são sinônimos. “Em muitos casos, existe a pressa de se ver livre do dever. Por isso, trabalho muito aqui na escola que essa não deve ser a única ferramenta”, explica. Para compor a rotina de estudos, leituras e pesquisas são exemplos do que pode ser incentivado.
     Além dos benefícios de aprendizagem, a lição de casa também é apontada como uma boa forma de estabelecer uma conexão maior com as famílias. Ainda que a autonomia seja muito importante e a tarefa deva se restringir ao que a criança consegue fazer sozinha, o acompanhamento dos responsáveis pelo aluno pode levar a uma aproximação natural com a escola. “Por ser uma escola pública, às vezes percebemos que nem sempre a comunidade participa tanto desse momento. Mas acabamos, sem dúvida, por estreitar laços”, avalia a coordenadora pedagógica Letícia Dias.
     Nos casos de pouca participação, também é possível entender melhor em que contexto familiar a criança está inserida. “Quando a gente identifica que criança não está fazendo a lição, procuramos contato com a família. Assim, não colocamos na criança uma responsabilidade que, às vezes, ela não tem”, analisa a coordenadora Ana Cláudia Pinheiro.

 http://www.revistaeducacao.com.br/educadores-defendem-licao-de-casa-nos-anos-iniciais-desde-que-tenha-sentido-no-processo-de-aprendizagem/

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Projeto de lei acaba com a aprovação automática nas escolas

Proposta acaba de ser apresentada mas pode avançar rapidamente por tramitação simplificada

 

     A aprovação automática nas escolas pode deixar de existir caso um projeto de lei em tramitação no Senado Federal prospere. Uma proposta de Wilder Morais (PP-GO) aboliria a chamada progressão continuada em todo o país.
     O projeto de lei 336/2017 acaba com o sistema de ciclos e estabelece que “a promoção em cada série ou ano conforme o aproveitamento do aluno aferido pelo professor responsável”. 

     Embora o tema seja complexo, a proposta pode seguir um atalho: o projeto de lei tramita em caráter terminativo, o que significa que ele depende apenas da votação da Comissão de Educação do Senado antes de ir para a Câmara dos Deputados – a não ser que um dos senadores apresente recurso para que o tema vá a plenário. 

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    Para o senador, a progressão continuada fracassou: “Nós tiramos a autonomia do professor, a autoridade dele na sala de aula, e a gente forma vários alunos que não têm condição nenhuma de ler, escrever ou fazer contas básicas porque ele não precisa ter nota para passar de ano”, argumentou Wilder em entrevista aos meios de comunicação do Senado. 

     Na página do Senado Federal, a proposta teve amplo apoio: eram 3.214 favoráveis e apenas 81 contrárias até a manhã desta segunda-feira. 


O método

    A progressão continuada se baseia na noção de que os alunos têm ritmos distintos de aprendizagem, e que a reprovação pode ter mais efeitos negativos do que positivos para o estudante.      
     O método se tornou popular no Brasil na década de 1990 e, segundo o Todos Pela Educação, é adotado por 25% das escolas.

Embora não seja obrigatória, a progressão continuada está prevista na Lei de Diretrizes Básicas da Educação desde 1996.

http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/projeto-de-lei-acaba-com-a-aprovacao-automatica-nas-escolas-senado-abre-consulta-ax666r7aonhknm07k74igtzvh

domingo, 1 de outubro de 2017

Reflexão - E tudo mudou ...

E tudo mudou…

O rouge virou blush   
O pó-de-arroz virou pó-compacto   
O brilho virou gloss 

O rímel virou máscara incolor 
 A Lycra virou stretch   
Anabela virou plataforma   
O corpete virou porta-seios 
Que virou sutiã 
Que virou lib 
 Que virou silicone 

A peruca virou aplique, 
interlace, 
megahair, 
alongamento 
A escova virou chapinha 
 “Problemas de moça” viraram TPM   
Confete virou M&M’s 

A crise de nervos virou estresse 
A chita virou viscose. 
 A purpurina virou glitter   
A brilhantina virou mousse 

Os halteres viraram bomba 
A ergométrica virou spinning   
A tanga virou fio dental   
E o fio dental virou anti-séptico bucal 

Ninguém mais vê… 

Ping-Pong virou Babaloo   
O a-la-carte virou self-service 

A tristeza, depressão 
O espaguete virou Miojo pronto   
A paquera virou pegação   
A gafieira virou dança de salão 

O que era praça virou shopping  
A areia virou ringue
A caneta virou teclado  
O long play virou CD 

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis   
O álbum de fotos agora é mostrado por email 

O namoro agora é virtual 
A cantada virou torpedo   
E do “não” não se tem medo 
O break virou street 

O samba, pagode   
O carnaval de rua virou Sapucaí 
O folclore brasileiro, halloween 
O piano agora é teclado, também 

O forró de sanfona ficou eletrônico 
Fortificante não é mais Biotônico   
Bicicleta virou Bis   
Polícia e ladrão virou counter strike 

Folhetins são novelas de TV   
Fauna e flora a desaparecer   
Lobato virou Paulo Coelho   
Caetano virou um chato 

Chico sumiu da FM e TV 
Baby se converteu   
RPM desapareceu   
Elis ressuscitou em Maria Rita? 
Gal virou fênix   
Raul e Renato,   
Cássia e Cazuza,   
Lennon e Elvis, 
Todos anjos   
Agora só tocam lira… 

A AIDS virou gripe   
A bala antes encontrada agora é perdida 
A violência está coisa maldita! 

A maconha é calmante   
O professor é agora o facilitador 
As lições já não importam mais   
A guerra superou a paz 
 E a sociedade ficou incapaz… 

… De tudo. 
Inclusive de notar essas diferenças

Luis Fernando Verissimo

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Pátria - um dia de reflexão


Um feriado?
Um dia festivo?
Um dia de luta?
Um dia de alegria?

Um dia de reflexão

     Apenas mais um dia entre outros em nosso calendário, um Feriado Nacional que celebra o dia em que o Brasil tornou-se independente de Portugal. Quisera tivéssemos ficado independentes também: da pobreza que assola o nosso país durante séculos, da má distribuição de renda que faz uns terem tanto e outros praticamente nada, do preconceito que exclui e envergonha o "diferente", daqueles políticos que são eleitos como esperança e viram motivo de vergonha, da corrupção que assola todas as esferas e cantos mais longínquos de nosso Brasil...

     Queríamos hoje celebrar a INDEPENDÊNCIA, maiúscula, orgulhosa, digna, honrar nosso verde, amarelo, azul e branco bradando como diz a canção: "eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor..." mas se olharmos a Educação enxergamos luzes e trevas para nossas crianças e jovens, na saúde vemos a população sucumbir em busca de atendimentos básicos que deveriam ser muito acessível, na segurança ai que nome lindo! mas que perdeu seu significado para cada família que foi devastadas ao ver seus filhos envolvidos no tráfico de drogas, mortos por um par de tênis, violentadas por quem devia proteger, queria meu Brasil cantando, sorrindo, mas do que realmente possui e não daquilo que almeja e faz de conta possuir...

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

QUEM AMA EDUCA


Filhos são como navios…


     Ao olhar um navio no porto, imaginamos que ele esteja em seu lugar mais seguro, protegido por uma forte âncora.

     Mal sabemos que ali está em preparação, abastecimento e provisão para se lançar ao mar, ao destino para o qual foi criado, indo ao encontro das próprias aventuras e riscos.

     Dependendo do que a natureza lhes reserva, poderá ter que desviar da rota, traçar outros caminhos ou procurar outros portos.

    Certamente retornará fortalecido pelo aprendizado adquirido, mais enriquecido pelas diferentes culturas percorridas. E haverá muita gente no porto feliz à sua espera.

    Assim são os FILHOS. Estes tem nos PAIS o seu porto seguro até que se tornem independentes.

      Por mais segurança, sentimentos de preservação e manutenção que possam sentir junto aos seus pais, eles nasceram para singrar os  mares da vida, correr seus próprios riscos e viver suas próprias aventuras.

     Certo que levarão consigo os exemplos dos pais, o que eles aprenderam e os conhecimentos da escola, mas a principal provisão, além das materiais, estará no interior de cada um:


A CAPACIDADE DE SER FELIZ.


     Sabemos, no entanto, que não existe felicidade pronta, algo que se guarda num esconderijo para ser doada, transmitida a alguém.

     O lugar mais seguro que o navio pode estar é o porto. Mas ele não foi feito para permanecer ali.

     Os pais também pensam que sejam o porto seguro dos filhos, mas não podem se esquecer do dever de prepará-los para navegar  mar a dentro e encontrar o seu próprio lugar, onde se sintam seguros, certos de que deverão ser, em outro tempo, este porto para outros seres.

    Ninguém pode traçar o destino dos filhos, mas deve estar consciente de que na bagagem devem levar VALORES herdados como:


HUMILDADE, HUMANIDADE, HONESTIDADE, DISCIPLINA, GRATIDÃO E GENEROSIDADE


     Filhos nascem dos pais, mas devem se tornar CIDADÃOS DO MUNDO. Os pais podem querer o sorriso dos filhos, mas não podem sorrir por eles. Podem desejar e contribuir para a felicidade dos filhos, mas não podem ser felizes por eles.


      A FELICIDADE CONSISTE EM TER UM IDEAL PRA BUSCAR E TER A CERTEZA DE ESTAR DANDO PASSOS FIRMES NO CAMINHO DA BUSCA


     Os pais não devem seguir os passos dos filhos e nem devem estes descansar nos que os pais conquistaram. Devem os filhos seguir de onde os pais chegaram, de seu porto, e, como navios, partirem para as próprias conquistas e aventuras.

      Mas, para isso, precisam ser preparados e amados, na certeza de que:


QUEM AMA EDUCA!


“COMO É DIFÍCIL SOLTAR AS AMARRAS!”

IÇAMI TIBA