O alfabeto móvel facilita a identificação das letras e a escrita
alfabética, e dão mais segurança aos alunos de testarem possibilidades
para então escrever no caderno. Foto: Mara Mansani
Olá, alfabetizadores!
Em abril, eu comecei a contar a vocês, em outro post no Blog,
a trajetória de aprendizagem de dois alunos da minha turma de
Alfabetização desse ano: o menino agitado e a menina que ainda não
acreditava que podia aprender.
Mais um bimestre se passou.
Quantas coisas aconteceram em minha sala de aula nesse período! Foram
muitas atividades para dar continuidade ao processo de alfabetização de
meus alunos. Eles até escreveram livros de lengalenga e outro com
historias acumulativas, mas isso é assunto para outro post!
Em relação ao desenvolvimento dos meus dois alunos, trago algumas boas notícias, e outras nem tanto.
1. O menino agitado
Ele
estava mais calmo, vinha participando das atividades com vontade de
aprender e avançava em sua aprendizagem. De repente mudou seu
comportamento, devido a fatores externos e que vão além do meu
entendimento. Acabou voltando à etapa inicial!
O pequeno anda
arredio e novamente agitado, o que atrapalha o desenvolvimento de sua
aprendizagem, que agora vai acontecendo de forma mais lenta e difícil.
Porém, como eu havia dito em abril, a atenção especial a ele deve
perdurar por todo o ano. Isso me deixa um pouco frustrada e cansada,
afinal, é preciso que todos avancem e aprendam. Mas não desisto!
Mesmo
não sendo fácil, me esforço sempre para tentar entendê-lo, com muito
diálogo e paciência e sempre oferecendo propostas de atividades para
alfabetizá-lo. Quando não dou conta, peço auxílio à minha coordenadora,
ou à diretora, alguma colega professora ou mais alguém da equipe
escolar. Todos também conversam muito com ele, e com a família também.
Muitas
vezes, em nossas turmas, temos alunos assim, com altos e baixos, tanto
em relação a seu emocional, quanto a sua aprendizagem. Apesar de ser uma
situação desgastante, é muito bom saber que não estou só, e que faço
parte de uma equipe unida e que se apoia. Temos consciência que esse
aluno é de todos nós.
2. A menina que achava que não podia aprender
Já
a minha aluna que estava na hipótese pré-silábica e que acreditava que
não podia aprender avançou muito em seu processo de alfabetização. Mas
também não foi fácil: foram vários dias de choro, chamadas de atenção,
orientações para que participasse das atividades, muita conversa e
muitas atividades de leitura e escrita.
Com base nos primeiros
avanços em sua aprendizagem, nas primeiras palavras lidas e escritas,
ela tornou-se mais confiante. O choro foi dando espaço para risadinhas e
uma alegria sem fim! Segundo ela mesma disse: "Quero aprender bastante,
cada vez mais para deixar a minha mãe feliz e orgulhosa, para escrever
cartinhas, para ler tudo!".
Para ela, além das atividades do dia a
dia em sala de aula, preparei um plano de alfabetização com variadas
atividades de leitura e escrita, especialmente voltado para atender suas
necessidades de aprendizagem.
Entre as várias atividades,
destaco uma permanente que desenvolvi com ela e outros alunos que
precisavam de uma atenção mais individualizada: diariamente, havia
leitura e escrita de listas de nomes, a partir dos temas estudados em
sala: lista de compras da família, de roupas para o frio, de verduras e
legumes para sopas e saladas, de animais, etc).
O ponto forte da
atividade é o uso das letras móveis. Antes de registrar nos cadernos, os
alunos construíam suas escritas com o auxílio das letras móveis. As
crianças adoram escrever com esse material, para eles é uma divertida
brincadeira!
Atividade: leitura e escrita de listas com as letras móveis
A
primeira escrita feita pelos alunos com as letras é o nome completo de
todos. Ela fica fixa na carteira de cada um, e serve como uma das
referências para as escritas das listas, além dos nomes dos alunos da
turma. No uso das letras móveis, as crianças percebem melhor o formato e
as diferenças entre as letras. Isso facilita a identificação para a
escrita e dá mais autonomia aos pequenos.
Depois que eles
escrevem suas listas, sento com cada um para fazer as intervenções
pedagógicas, questionando-os sobre a construção de suas escritas. É
nesse momento também que eles, ao lerem as próprias palavras escritas,
conseguem perceber com mais facilidade as letras que faltam, que não são
necessárias ou que precisam ser trocadas.
Proponho também, em
alguns momentos, as escritas em duplas produtivas de alunos com
hipóteses próximas. Em outros momentos, dou aos alunos as letras certas
para escrita de uma determinada palavra, quando dito palavras que devem
fazer parte da lista. Essa variação na atividade faz com que o aluno
reflita, confronte suas hipóteses e consequentemente avance.
Essa
atividade diária contribuiu significativamente para a aprendizagem de
minha aluna, que passou da hipótese pré-silábica para a alfabética. Mas
ainda há muito caminho a percorrer para a alfabetização! Espero que o
próximo capitulo desse meu diário tenha ainda mais boas notícias!
E
você, querido professor alfabetizador, tem alunos com os meus na sua
turma? O que você anda fazendo para que todos avancem na alfabetização?
Compartilhe conosco, aqui nos comentários!
Um grande abraço, até a própria segunda-feira e boas férias para quem conseguiu dar a merecida parada!
Mara Mansani
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